O leite humano não é
produzido apenas nas mamas, mas também na cabeça da mulher, ou seja: há muitos
fatores envolvidos em uma amamentação bem-sucedida, (muitos psicológicos - neuropsicológico).
A amamentação não
é automática. Ela não é inata ou instintiva nos mamíferos humanos. É instintiva
no cachorro, na girafa, no golfinho...
A amamentação não é fácil,
se fosse fácil, não precisariam de campanhas, cursos, livros, consultoras
especialistas na área...
Por isso que me especializei
nessa área e dou cursos para orientar e preparar os casais para a chegada e
cuidados com o seu bebê e também atender e acolher a mãe, o pai e o bebê
durante o processo da alimentação do bebê até os primeiro ano de vida da
criança.
Existem
fatores psicológicos que acabam fazendo com que a mulher não consiga
amamentar. Eu costumo dizer que o leite não é produzido apenas nas mamas. Ele é
produzido na cabeça também. Para haver o reflexo de descida do leite, tem que
haver a ativação da ocitocina. A ocitocina é o hormônio da ejeção, do trabalho
de parto, e que contrai as células musculares que ejetam o leite. Se a mãe
estiver com dor, aflita, com baixa autoestima, sem apoio, disfunção hormonal, não
há liberação da ocitocina. Por isso que eu digo que a amamentação é um ato
psicossomático complexo. “Não é simples”.
Muitas
mulheres sentem dificuldades ao amamentar?
Não é para sentir dor, não é
para sangrar, não é para causar fissura, não e para sofrer. Existem orientações de
técnicas para ajudar a mãe a conseguir oferecer o leite para o bebê mesmo diante
das dificuldades, porém não depende só dela esse esforço, terá que ter garantida
a ajuda do pai ou de um familiar. Além de ter que amamentar e cuidar do seu
bebê a mãe ainda enfrenta o desafio da recuperação pós-parto na qual está
retornando ao estado pré-gravídico, ou seja, está com seu físico e emocional
ainda abalados.
Seja qual for à razão, não
amamentar pode trazer muita frustração e insegurança às mães bem intencionadas
e que sonhavam com essa prática. É um desejo legítimo e inato, quase uma
extensão da gravidez, nutrir seu filho do seu próprio corpo. Mas quando isso não
for possível, é preciso reconhecer a possibilidade e os avanços que existem à
disposição e confiar nos profissionais de saúde que acompanham o
desenvolvimento da criança.
A amamentação é algo que não
deve ser forçado, pelo familiar e muito menos pelo profissional de saúde e devemos
ajudar essa mãe e esse bebê a aprender a amamentar e ser amamentado. Devemos ouvir essa mulher, ela é a
protagonista, ela é que está sentindo a dor, e a gente deve respeitá-la
profundamente sem nenhum juízo moral. Nós temos que apoiá-la nessa decisão e
respeitar os limites dela. Se a mãe não puder amamentar, recomendamos que ela,
quando está dando a mamadeira, abrace muito esse bebê, tenha muito contato pele
a pele com seu filho, que o pegue no colo, que o olhe nos olhos durante esse
momento, assim como poderá ter a possibilidade de estabelecer uma amamentação
mista.
Vale ressaltar que é muito
importante a atuação do profissional com especialidade teórica e prática, na
fase da amamentação, pois a mãe necessita adquirir conhecimentos sobre os
aspectos biológicos, sociais e psicológicos que a norteiam nesta fase tão
única.
Portanto mamãe não sinta
culpa, esteja o mais presente possível na vida de seu bebê e siga tranquila.
Pressão e culpas não ajudam em nada na hora de cuidar de um bebê, ao contrário,
trazem ansiedade e tensão, e os pequeninos são muito sensíveis ao estado
emocional de suas mamães. Saiba que você está fazendo o melhor que pode da
melhor forma possível, procurando inclusive ajuda profissional para aprender
esse processo da amamentação e tudo...
Tudo
estará bem.
Por enfermeira Soninha Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário