Modernamente,
a mulher vive um papel em que passa a ter o direito sobre si própria Atualmente
a mulher busca a autonomia no campo da reprodução, e os métodos contraceptivos
tornaram-se um grande aliado, pois separaram o sexo da reprodução permitindo,
assim, a escolha do número de filhos. O
mundo ocidental é regido pela economia e pela racionalização do tempo, que por
sua vez, influencia o nosso modo de vida. Dessa forma, o processo do próprio
nascimento, culturalmente, também se modificou. Em todas as culturas, ao longo
da história, as mulheres foram assistidas durante sua gestação e parto. Porém, o poder de decisão ficava com a mulher
ou sua família. Por isso, é importante ressaltar que é da responsabilidade de
nós profissionais da saúde orientarmos a mulher no período gestacional sobre suas
dúvidas e modificações corporais e prepará-la para um parto normal, desfazendo
seus temores culturais. A humanização do parto em nosso país está sendo
proposta como modelo pelo próprio Ministério da Saúde, resgatando o parto
natural. Nessa estratégia não se deseja abolir as tecnologias alcançadas para
auxiliar a mulher nesse processo, porém, não transformar rotineiramente um
fenômeno natural em medicalizado ou cirúrgico. Esta filosofia deve
redimensionar nossa forma de conduzir as gestantes e acolher as parturientes
respeitando nelas o caminho da natureza.
O
nascimento pode e deve, sempre que possível e sem criar riscos, acontecer da
maneira que uma mulher deseje, tanto do ponto de vista físico quanto emocional.
O ambiente deverá ter, sem dúvida, todo suporte técnico e vigilância, mas a
atmosfera deverá ser segura, "familiar", calorosa, carinhosa e
alegre. O nascimento é uma vivência única e pode representar a maior
experiência criativa na vida de
É
nossa tarefa enquanto profissionais de saúde, entender que o parto é um
processo irreversível, cuja fisiologia deve ser respeitada, acompanhada com
atenção e responsabilidade, compreendendo as ansiedades e expectativas de cada
mulher grávida, intervindo apenas quando houverem indicativos comprovados,
baseados em evidências científicas para sua aplicação. Só assim criaremos as
condições para restabelecer a naturalidade do parto, sem as desnecessárias
distorções que ainda são cometidas pela medicina institucionalizada e que podem
levar a profundas repercussões desfavoráveis para mãe e feto. Como enfermeira
obstetra e mãe, entendo que o conceito de parto humanizado, que defendo há anos,
envolve obrigatoriamente o processo que se inicia desde quando a mulher sabe
que está grávida, se estende por toda a gestação, atendendo com amplo respeito
a fisiologia do trabalho de parto, eliminando todas as práticas rotineiras
claramente prejudiciais ou ineficazes que eram adotadas no parto normal, até
alcançar o momento soberano da acolhida do bebê.
Soninha
Silva- Enfermeira obstetra coren-SC
383.225